O meu toucinho do céu e uma Páscoa feliz






Na mesa de Natal e Páscoa nunca podem faltar o arroz doce e o toucinho do céu. Sobremesas de tradição, carregadas de doçura e sentimento, de família e dias felizes.
Este não é um toucinho do céu tradicional. Foi uma receita que tentei alterar ao gosto da nossa casa. Menos calórica, menos açúcar, menos gemas, menos trabalhosa, escapando ao ponto de açúcar do original, consegui o meu Toucinho do Céu. Rico, doce, com amêndoa e gila, mas menos pecaminoso, embora pareça tanto como o tradicional. Delicio-me só de pensar nas fatias que se vão cortando e saboreando, por entre mãos tão familiares.
Nesta Páscoa não irá faltar à mesa, adoçando a boca aos dias, mesmo que sejam de chuva, mas um pouco mais calmos, com tempo para a família e amigos. Em redor de uma mesa, e da partilha.
Desejo-vos uma Páscoa muito feliz!









O meu Toucinho do Céu

200 gr de açúcar mascavado claro ou amarelo
200 gr de amêndoa moída
1/3 chávena de doce de gila (usei caseiro)
4 ovos
3 gemas



Preparação

Untar e forrar o fundo de uma forma redonda com papel vegetal. Pré-aquecer o forno a 180ºC.
Numa taça juntar o açúcar e os ovos e gemas. Bater muito bem usando a batedeira eléctrica, até obter um preparado volumoso e cremoso. Adicionar o doce de gila, a amêndoa e envolver suavemente.
Colocar a massa na forma e levar ao forno até cozer (ficando ligeiramente húmido).
Desenformar e depois de frio polvilhar com açúcar em pó
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Bom Apetite!









Esta receita esteve em destaque no Dias com Mafalda, o que me deixou com um enorme sorriso! E logo no dia seguinte ao meu aniversário :) Obrigado pela partilha e simpatia Mafalda!


Pasta com Pesto de Beterraba Assada






Vocês costumam sonhar com comida? Eu sonho muitas vezes. Às vezes idealizo pratos ou sobremesas em sonhos e acordo a pensar neles. Tenho boas ideias durante o sono. Outras nem tanto, onde me surgem combinações demasiado estranhas de ingredientes. Mas adoro sonhar com comida. Com imagens que me ficam na memória de coisas que gosto.
Quando vi esta receita na Marmita fiquei de olho arregalado, e nessa mesma noite sonhei com o pesto de beterraba. Faltava-me o manjericão preto para a colocar em prática e fui adiando a sua preparação. Mas ia sempre lembrando-me dela, da sua cor vistosa e exuberante. Que nos enche os olhos.
Mais tarde vi outra receita na miss Vite e soube que tinha mesmo de fazer uma massa em tons de cor-de-rosa na minha cozinha. Adoro a cor da beterraba, e se há alguns anos atrás detestava-a, hoje adoro-a. Em sopas, em saladas, assada, em risottos, sumos e até em bolos!
Inspirei-me em ambas as receitas e surgiu esta, que recomendo, mesmo a quem não gosta de beterraba. Vão ver, uma agradável surpresa de sabores. Numa refeição leve e nutritiva.
Cá em casa acharam estranha a cor, mas adoraram e repetiram! Happy meatless monday!






Pasta com Pesto de Beterraba Assada

200 gr de esparguete integral
1 beterraba grande
tomilho fresco, azeite e sal q.b.
2 dentes alho
5 nozes tostadas
1 colher (sopa) de sumo de limão
1 ramo pequeno de cebolinho fresco
3 colheres (sopa) de parmesão
fio de azeite
água de cozedura da massa q.b.


Preparação

Pré-aquecer o forno a 200ºC.
Descascar e cortar a beterraba em pedaços. Colocar esses pedaços no centro de uma folha de alumínio, juntamente com os dentes de alho, tomilho a gosto, uma pitada se sal e um fio de azeite. Fazer um embrulho com o papel de alumínio e levar ao forno por 30 minutos.
Entretanto cozer o esparguete, tendo o cuidado de reservar um pouco da água de cozedura.
Colocar a beterraba assada, juntamente com os sucos que se formam e os alhos num liquidificador.
Juntar as nozes, o sumo de limão, o cebolinho picado, o parmesão e um fio de azeite. Triturar até obter um puré homogéneo. Juntar um pouco da água de cozedura do esparguete ao pesto de beterraba, para o tornar mais aveludado e líquido.
Juntar o preparado à massa e envolver. Servir com um pouco de parmesão ralado e cebolinho picado.

Bom Apetite!






Pão de Banana e Framboesa






Chega a Primavera. Com raios de sol fugidos. De mansinho espreita. Envolta em vento. E dias que crescem até mais tarde. As flores no jardim e quintal adivinham a sua chegada. Os morangos tornam-se cada vez mais doces. Os bolos e pães pintam-se de fruta.
Os pássaros passam fugindo ao vento, enquanto eu aperto a Primavera entre as mãos, todos os dias que ela deixar. 
Apetece-me fazer uma ode à estação das cores. Uma grinalda de flores para usar no cabelo enquanto passeio pelo campo florido. Imaginar as cerejeiras em flor que aqui não há. Florescer e viver, acordar do frio, plantar e cheirar. Uma borboleta que poisa tão perto. Um casaco despido. O sol na cara.
Que saudades tuas Primavera!









Pão de Banana e Framboesa
(adaptado de "Cozinha para quem quer poupar" de Mafalda Pinto Leite)

1/2 chávena de açúcar amarelo
75 gr de manteiga
2 ovos ligeiramente batidos
2 bananas maduras esmagadas
2 chávenas de farinha
1 colher (chá) de fermento
1/2 chávena de leite
1/2 chávena de framboesas


Preparação

Pré-aquecer o forno a 180ºC. Untar e forrar com papel vegetal uma forma de bolo inglês.
Bater a manteiga com o açúcar até obter uma mistura fofa e clara. Adicionar os ovos, batendo bem.
Juntar a banana e misturar. Peneirar a farinha e o fermento por cima da mistura e envolver. Adicionar o leite e mexer bem até estar incorporado. Adicionar delicadamente as framboesas para não as desfazer.
Colocar a massa na forma e alisar a superfície. Levar ao forno até cozer (teste do palito).
Deixar repousar 10 minutos fora do forno antes de desenformar.

Bom Apetite!








Um convite, um poema e umas Pie Pops







Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei da verdade e sou feliz.


in "O Guardador de Rebanhos", Alberto Caeiro 







Podia ter escolhido tantos poemas, mas este foi o primeiro que me veio à cabeça quando a Cristina da Confeitaria nos fez o Convite para Jantar...
Um poema que me faz sempre sorrir. Adoro a poesia de Alberto Caeiro, sem dúvida o meu heterónimo preferido de Pessoa.

Um poema para não pensar, para só sentir. Sentir a natureza, o cheiro das flores, o sabor dos frutos, o calor de um dia. Há coisas tão simples que me rodeiam e que me bastam para ser um pouco mais feliz.
Viver no campo, sair à rua e espreitar o jardim, ver as árvores de fruto, cuidar dos animais, sentir o sol a bater na cara. Colher o que foi plantado, prepará-lo numa refeição, sentir o seu cheiro e sabor. Aproveitar as sensações.
Por isso quis fazer umas pie pops que se assemelhassem a flores, acabadas de colher do meu jardim, e recheá-las com fruta. Sentir apenas o seu cheiro e sabor, sem pensar em mais nada, num dia de sol.






Pie Pops de Apple Pie

2 placas de massa folhada fresca
1 maçã reineta
1 colher (chá) de açúcar mascavado
canela q.b.
1 ovo batido
sementes de papoila q.b.


Preparação

Forrar um tabuleiro grande com papel vegetal e untar ligeiramente. Pré-aquecer o forno a 200ºC.
Esticar as placas de massa folhada e cortar círculos com um cortador de tamanho apropriado.
Descascar a maçã e cortar em pedacinhos, envolvendo o açúcar e a canela a gosto.
No centro de um círculo de massa colocar um montinho de maçã (deixando uma margem em todo o bordo livre). Colocar outro círculo de massa por cima, introduzir um pauzinho numa ponta (pode optar por não usar) e ajustar as bordas da massa, calcando com os dentes de um garfo, criando um efeito às riscas.
Proceder de igual forma com os restantes círculos de massa.
Pincelar a superfície superior das mini tartes com o ovo batido. E salpicar o centro com sementes de papoila.
Levar ao forno a cozer, até a massa folhar e dourar. Servir ainda mornas.

Bom Apetite!







Assado de Arroz Selvagem e Requeijão






Ando encantada com o livro "Super Natural Every Day" da Heidi Swanson. Receitas vegetarianas sedutoras, cheias de sabor, ricas em nutrientes, saudáveis, com o uso de produtos integrais, da época e dos mercados locais. Ensina-nos um pouco a cozinhar e a comer melhor. E eu fico rendida a cada capítulo do livro, apetece-me fazer todas as receitas de uma ponta à outra. Levando-me a pensar que eu até conseguiria ser vegetariana (não excluindo ovos, leite e queijo) a tempo inteiro. Quem sabe?
Confesso que ao chegar tarde a casa e ter à minha espera um prato de bacalhau põe logo essa hipótese de lado, assim como outros peixes. Mas tenho cada vez mais gosto em fazer pratos sem carne. Deliciosos. E há sempre quem se junte a mim!
Do livro da Heidi selecciono como favorito o capítulo dos pequenos-almoços, com direito a granola, panquecas, muffins, scones, porridge, frittata. Mas curiosamente comecei por preparar este assado de arroz selvagem para jantar. Talvez pelo tempo pedir ainda comidas de forno, quentes, cremosas e de conforto.
Happy Meatless Monday!






Assado de Arroz Selvagem e Requeijão
(adaptado do livro "Super natural every day" de Heidi Swanson)

2 ovos
225 gr de requeijão
115 gr de iogurte natural
1 colher de (chá) de mostarda de Dijon
sal q.b.
1 colher (sopa) de azeite
225 gr de cogumelos frescos fatiados
1 cebola picada
3 dentes de alho picados
3 chávenas de arroz selvagem de mistura (já cozido)
parmesão ralado q.b.
cebolinho picado q.b.


Preparação

Pré-aquecer o forno a 180ºC. Untar um tabuleiro médio com um pouco de azeite.
Numa taça misturar os ovos, requeijão, iogurte, mostarda e uma pitada de sal.
Numa frigideira colocar o azeite e juntar os cogumelos, deixando cozinhar até perderem a água e esta evaporar. Ir mexendo os cogumelos até alourar, juntando depois a cebola picada, deixando cozinhar por 3 minutos até ficar translúcida. Adicionar o alho, cozinhar por um minuto e retirar do lume.
Juntar o arroz já cozido à mistura dos cogumelos e misturar. Adicionar a mistura do requeijão e ovos ao arroz e envolver bem, colocando em seguida no tabuleiro preparado. Salpicar a superfície com parmesão ralado na hora e a gosto. Tapar o tabuleiro com papel de alumínio e levar ao forno por 30 minutos.
Retirar o alumínio e deixar cozinhar mais uns 20 minutos até dourar a superfície (poderá usar o grill).
Fora do forno, salpicar com mais parmesão e cebolinho picado.

Bom Apetite!







Bolo de Cenoura com Nozes e Tâmaras






Esta noite sonhei com a praia. Sonhei com um dia de sol e calor. Andava de chinelos na mão, pés descalços e vestido de alças e caminhava pela areia junto ao mar. O mar azul transmitia serenidade e eu sorria como uma criança num dia de férias na praia.
Quando acordei não estava na praia, nem estava sol. Um tempo tristonho, cinzento e de chuva, um vendaval que leva tudo pelo ar. Dias de temporal.
Já tenho saudades da Primavera, dos dias de Verão, do sol e do calor na face. De passear.
Enquanto o tempo não muda de tom, resta aproveitar o que ele nos pode oferecer de bom. O aconchego da casa, o forno ligado, a comida de conforto, os filmes no sofá, a mantinha, o gato enroscado, os livros novos para ler, um chá e uma fatia de bolo. São motivos bons para sorrir.






Fiz este bolinho para afugentar os dias cinzentos. Com sabores ainda de Inverno mas que anseiam por uma mudança. O meu tempo livre tem sido bastante reduzido mas o pouco que tenho gosto de aproveitar para fazer coisas que me deixem felizes. Como este bolo. Receita da Laranjinha, para celebrar os sete anos do Cinco Quartos de Laranja. Um blog tão rico, cheio de coisas boas, tantas receitas numa cozinha para dias felizes. 
Celebro assim o seu aniversário, desejando muitos mais anos de inspiração e sucesso. Comemos uma fatia?






Bolo de Cenoura com Nozes e Tâmaras
(adaptado do blog Cinco Quartos de Laranja)

5 ovos
300 gr de cenoura
200 gr de açúcar amarelo
250 gr de farinha com fermento
75 gr de manteiga sem sal
125 ml de iogurte natural
1/2 colher (chá) de canela
1/4 colher (chá) de noz moscada
1 pitada de cravinho
1 pitada de sal
80 gr de nozes
150 gr de tâmaras


Preparação

Untar com manteiga e forrar com papel vegetal o fundo de uma forma redonda. Pré-aquecer o forno a 180ºC.
Descascar as cenouras e ralar finamente. Cortar em pedaços as nozes e picar grosseiramente as tâmaras descaroçadas. Reservar.
Bater o açúcar com a manteiga amolecida e adicionar os ovos um a um, batendo entre cada adição. Juntar o iogurte natural e as cenouras e mexer muito bem. Juntar a farinha, as especiarias e o sal.
Envolver as nozes e tâmaras num pouco de farinha e juntar à massa.
Colocar a massa na forma e levar ao forno até cozer (teste do palito).

Bom Apetite!








Tarte de Chocolate e Beterraba






Eu adoro esconder ingredientes inesperados em doces, bolos e tartes. Como por exemplo, um bolo com agrião ou espinafres, verde por dentro e coberto por uma ganache de chocolate envolvente. A surpresa de ver o verde interior por quem não o espera. A curgete também causa alguma estranheza a certas pessoas, principalmente em bolos, e sempre quando menos se espera. Lembro-me quando fiz compota de curgete a primeira vez, todos gostaram mas ninguém sabia dizer de que era o doce. Hoje já se habituaram aos bolos com curgete e pedacinhos verdes da casca a pintalgar o miolo fofo e húmido.
Adoro revelar o ingrediente que se esconde e ninguém encontra.
Penso que foi a beterraba a que mais surpreendeu até hoje! Ligada ao chocolate, ninguém a adivinhou. Em bolos, brownies e tartes, toda a gente a come, mesmo os que dizem não gostar dela. E esta tarte que mereceu tantos elogios dos amigos, causou surpresa no final, quando o ingrediente secreto foi revelado.






Tarte de Chocolate e Beterraba (com frutos secos)
(uma tarte grande ou duas pequenas)

Massa:
100 gr farinha trigo
100 gr farinha trigo integral
100 gr de farinha amêndoa
1 pitada de sal
100 ml água
75 gr manteiga
2 colheres (sopa) açúcar mascavado

Recheio:
2 beterrabas assadas e em puré
200 gr chocolate tablete semi-amargo
75 gr de manteiga
3 colheres (sopa) de cacau em pó
3 colheres (sopa) de água
200 gr açúcar mascavado
5 ovos
50 gr de farinha trigo
1 colher (chá) de fermento
100 gr frutos secos (usei nozes e figos) em pedaços


Preparação

Massa: juntar numa taça as farinhas, o sal e o açúcar. Levar a água e manteiga ao lume até derreter. Juntar aos sólidos e amassar até ficar homogéneo. Formar uma bola, envolver em película aderente e levar ao frio durante quinze minutos.
Recheio: derreter o chocolate com a manteiga, o cacau e a água em lume brando. Enquanto isso bater muito bem os ovos com o açúcar até ficar uma mistura volumosa. Adicionar o chocolate derretido e envolver bem.
Juntar o puré da beterraba e mexer. Por fim envolver a farinha, o fermento e os frutos secos em pedaços.
Retirar a massa do frio. Esticar numa superfície enfarinhada com o rolo até formar um círculo fino.
Colocar a massa numa tarteira grande de fundo amovível, untada com manteiga. Cortar o excesso de massa das bordas e picar o fundo com um garfo.
Espalhar o recheio e alisar. Levar ao forno pré-aquecido a 180ºC até cozer (o centro fica ligeiramente húmido). Desenformar depois de arrefecer e polvilhar com açúcar em pó.

Bom Apetite!